Em caso de rigidez ou de tensão, pode-se alongar por alguns minutos durante a sessão de estudo ou durante os ensaios, permitindo, assim, um maior relaxamento.
A integração desses exercícios na rotina diária do músico é perfeitamente viável, já que podem ser praticados com uma duração mínima de cinco minutos. Inicialmente, os exercícios poderão dar a impressão de que reduzem o tempo de estudo, parecendo uma carga que limita o tempo da prática instrumental. Mas, pouco a pouco, formarão parte das atividades diárias, como afinar o instrumento ou secar as partes úmidas do mesmo após a prática.
Para o aquecimento dos braços e dos ombros como preparação para os alongamentos antes de tocar, Paull e Harrison (1997) recomendam balançar os primeiros, para frente e para trás, como se estivéssemos marchando, depois disso, realizar dez abraços em si mesmo, soltando-os a seguir. Para aquecer os pulsos e as mãos, podemos exercitar com mímica os movimentos de lavar as últimas com água e sabão, ou massageá-las, real ou imaginariamente, até os dedos com uma loção. Sobre esse ponto, Paull e Harrison (1997) ressaltam que aquecer significa movimentar os músculos com suavidade e delicadeza durante alguns minutos para incrementar o fluxo sanguíneo através dos mesmos, sem os tensionar.
Não se deve esquecer que, para uma melhor eficácia, os músculos precisam estar sempre aquecidos na preparação para os alongamentos, com movimentos lentos e prolongados. Vale ressaltar que, movimentar-se rapidamente durante esses exercícios, poderá provocar tensão nos músculos e/ou nas articulações.
Recomenda-se não rebotar3 o músculo ou o conjunto de músculos para chegar à posição final do alongamento, já que os rebotes podem provocar lesões em vez de beneficiar o exercício. A respiração deverá ser lenta, rítmica e controlada, e nunca presa enquanto se alonga. Se assim fosse, estaríamos limitando a entrada de oxigênio nos músculos. Se uma posição de alongamento modifica a maneira natural de respirar, será um sinal de que não existe relaxamento. Nesse caso, soltar-se-á um pouco a posição até que se volte a respirar naturalmente.
Como já ressaltamos no resumo do presente artigo, o aquecimento é dividido em duas fases de exercícios, sendo os de flexibilidade e os de alongamento. Pode-se definir flexibilidade como a capacidade de poder realizar movimentos em toda a sua amplitude, em todo o seu percurso; ela depende da mobilidade articular e da elasticidade muscular.
Os exercícios de flexibilidade favorecem a consecução de uma realização correta e eficiente dos movimentos. Servem para manter um grau adequado de elasticidade, um tônus muscular correto e uma boa mobilidade articular, facilitando a coordenação do instrumentista. Além disso, preparam a musculatura para os alongamentos, constituindo uma progressão adequada para passar, saudavelmente, do repouso à atividade instrumental.
Constituem-se de movimentos suaves e lentos (cerca de cinco segundos de um extremo ao outro), trabalhando todas as zonas que serão submetidas a uma atividade intensa, a uma grande mobilidade ou a uma posição estática.
Trata-se, portanto, de repetir um movimento (normalmente entre dez e quinze vezes), sempre de ida e volta, sem forçar nem se deter até chegar ao ponto final do trajeto pretendido.
Embora sejam exercícios suaves e, em princípio, apropriados para todos os músicos, recomenda-se, em caso de a pessoa ter sofrido qualquer lesão anterior, consultar um médico para evitar que algum deles possa não lhe ser adequado.
3 O rebote de um músculo se produz quando o mesmo se contrai fortemente como resposta a um alongamento brusco.