Poder-se-ia afirmar que a sensação deve nortear qualquer abordagem instrumental, partindo do princípio de que, para o músico, o verbo “sentir” deva alimentar sua atividade em cada instante. Os alunos estão acostumados simplesmente à repetição continuada de certos parâmetros de estudo e de prática, com o objetivo de obter o resultado técnico e instrumental desejado. Hoppenot (1991) alerta, no entanto, que tais métodos de trabalho e de estudo poucas vezes conduzem a transformações e resultados duradouros, ressaltando a importância de desenvolver a receptividade sensorial e, mais ainda para os violinistas, uma aguda consciência do corpo, que permita conciliar música e mecânica. A necessidade, portanto, de uma sensação consciente deve-se ao fato de que o ato de tocar o instrumento dá-se por meio do corpo. Não será suficiente apenas um trabalho árduo e repetitivo, constituído pela repetição mecânica de exercícios e de peças durante horas. Será vital que o equilíbrio postural, o gesto, a sonoridade, a afinação passem através do canal admirável da consciência corporal. Dessa maneira, nenhuma parte do corpo deve ficar excluída do campo da consciência, pois, do contrário, isso causaria interferências na execução e na interpretação, perturbando o equilíbrio almejado.
A sensação permite que o violinista/violista experimente um bem-estar que liberta suas possibilidades de ação: quando o aluno vivencia a sensação na qual o arco alonga o braço, na qual o talão ou a ponta do arco não oferecem maiores dificuldades pelo desaparecimento de crispações e de rigidez nos dedos e no pulso, na qual as costas e os ombros participam ativamente da ação, conduzir o arco e realizar as inúmeras acrobacias e os golpes requeridos já não serão um problema aparentemente sem solução.
Para tanto, um bom ponto de partida para despertar a consciência corporal e o desenvolvimento da sensação pode ser um trabalho sistemático com a respiração, aliado à prática de exercícios de aquecimento.